“Na época a gente tinha uns 11, 12 anos. No bairro
onde a gente morava, tinha um pastor alemão, muito brabo. Um dia, esse meu
amigo foi mordido. Ele alimentou esse rancor por muito tempo. Ele parava e
ficava ali, desafiando o cachorro. E dez anos depois ele se vingou. O cachorro
já estava bem velho. Ele invadiu a casa e matou o animal a pauladas”.
Natimorto é assim. Uma história
densa, cheia de remorsos e de uma beleza estética claustrofóbica.
Baseado no romance de Lourenço
Mutarelli, – Natimorto, um musical silencioso-, que encaixou perfeitamente como
protagonista do filme, narra a história de um ser sombrio, recém saído de um
casamento frustrado com uma mulher durona. Caçador de talentos que encontra na
bela Simone Spoladore, mais que uma linda voz, uma companheira de solidão.
Afundado no isolamento e no medo
que o mundo exterior lhe causa, Mutarelli convence Spoladore a viver recluso em
um apartamento alugado em um hotel no centro de São Paulo. Recém chegada à cidade e sem
muitas opções, ela aceita a oferta desde que possa sair de vez em quando.
Baseando seus dias nas imagens do verso das
embalagens de cigarro, como carta de Tarô, Mutarelli transforma um acordo que
no começo pode ser bom para ambos, um inferno, com direito a todos os demônios
que uma mente perturbada pode criar.
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