quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Resenha do filme Natimorto



“Na época a gente tinha uns 11, 12 anos. No bairro onde a gente morava, tinha um pastor alemão, muito brabo. Um dia, esse meu amigo foi mordido. Ele alimentou esse rancor por muito tempo. Ele parava e ficava ali, desafiando o cachorro. E dez anos depois ele se vingou. O cachorro já estava bem velho. Ele invadiu a casa e matou o animal a pauladas”.

Natimorto é assim. Uma história densa, cheia de remorsos e de uma beleza estética claustrofóbica.

Baseado no romance de Lourenço Mutarelli, – Natimorto, um musical silencioso-, que encaixou perfeitamente como protagonista do filme, narra a história de um ser sombrio, recém saído de um casamento frustrado com uma mulher durona. Caçador de talentos que encontra na bela Simone Spoladore, mais que uma linda voz, uma companheira de solidão. 

Afundado no isolamento e no medo que o mundo exterior lhe causa, Mutarelli convence Spoladore a viver recluso em um apartamento alugado em um hotel no centro de São Paulo. Recém chegada à cidade e sem muitas opções, ela aceita a oferta desde que possa sair de vez em quando.

Baseando seus dias nas imagens do verso das embalagens de cigarro, como carta de Tarô, Mutarelli transforma um acordo que no começo pode ser bom para ambos, um inferno, com direito a todos os demônios que uma mente perturbada pode criar.   

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