quinta-feira, 18 de abril de 2013

A caça


     Uma coprodução entre Dinamarca e Estados Unidos, o filme A caça, do diretor Thomas Vinterberg, um dos ideólogos do movimento Dogma 95, junto com Lars Von Trier, mostra como um episódio pontual e carente de provas, pode se transformar em histeria coletiva.  
     Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche, depois do fechamento de uma escola de ensino fundamental em uma pequena cidade nórdica. Depois de um casamento desfeito e uma brusca separação do filho, Lucas parece reencontrar a felicidade com uma nova namorada e a possibilidade de retorno do filho adolescente ao pai. Mas aí surge um empecilho na vida de Lucas e seus camaradas de caça e bebedeira. Uma das crianças que ele cuida, Klara, confessa um episódio impróprio, depois de Lucas ter ignorado Klara justamente por ter percebido algo de imaginativo na menina.
     A acusação faz logo que ele seja afastado do trabalho e passe a ser perseguido pela comunidade mesmo sem provas do ato. Aos poucos, depois de ser execrado pelos amigos e ser absolvido perante o juiz, Lucas perdoa os seus acusadores, mas aparentemente não recebe o perdão de todos da comunidade e sabe que a partir de agora será sempre lembrado por esse episódio.
     Filmado com uma crueza impressionante, Vinterberg nos questiona a cerca de alguns tabus a cerca da ingenuidade dos atos das crianças, e nos lembra do quanto pode ser nocivo à histeria coletiva que faz imprensa e cidadãos culparem pessoas sem terem um mínimo de prova para isso. No filme, Lucas foi absolvido por um juiz. Se ele fosse a júri popular o resultado seria o mesmo?      

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Em tempos de festivais The Cure toca por 3h20

     Com fôlego de guri, o senhor Robert Smith, 53 anos, subiu ao palco do parque Anhembi às 20h20 para levar ao delírio cerca de 30 mil pessoas que aguardavam, desde 1996, data do último show da banda, no extinto Hollywood Rock, para dançar ao som dos seus inúmeros hits.
     Em tempos de festivais, cujo shows não ultrapassam 1h30, o que na maioria das vezes é ótimo, já que as bandas que tocam nesses festivais são realmente fracas, 3h20 de show é para assar qualquer batata de perna. 
     The Cure é Robert Smith. Mesmo com uma ótima banda, inclusive com o ex-guitarrista do David Bowie, Reeves Gabriel, a inconfundível voz do ser da New wave, o pai do Indie, o ídolo anti-pop, com seu batom vermelho, a cara branca e o cabelo perfeitamente desgrenhado não é mais um ícone decadente do rock a procura de alguns dólares para sobreviver em Londres. Com muito gelo seco e teclado,é claro, Smith teve o público nas mãos. Alternou hits com séries de músicas mais pesadas que fizeram muitos sentar a espera de algo mais dançante.
     The Cure tocou 2h20 antes de sair para o primeiro intervalo. Depois, mais dois bis e a série final de hits que incluíram Boys Don´t Cry, 10:15 Saturday Night e Klling an Arab. Para então, finalmente Robert Smith nos deixar descansar.