Uma coprodução entre Dinamarca e Estados Unidos, o
filme A caça, do diretor Thomas Vinterberg, um dos ideólogos do movimento Dogma
95, junto com Lars Von Trier, mostra como um episódio pontual e carente de
provas, pode se transformar em histeria coletiva.
Lucas (Mads Mikkelsen) trabalha em uma creche,
depois do fechamento de uma escola de ensino fundamental em uma pequena cidade
nórdica. Depois de um casamento desfeito e uma brusca separação do filho, Lucas
parece reencontrar a felicidade com uma nova namorada e a possibilidade de
retorno do filho adolescente ao pai. Mas aí surge um empecilho na vida de Lucas
e seus camaradas de caça e bebedeira. Uma das crianças que ele cuida, Klara,
confessa um episódio impróprio, depois de Lucas ter ignorado Klara justamente
por ter percebido algo de imaginativo na menina.
A acusação faz logo que ele seja afastado do
trabalho e passe a ser perseguido pela comunidade mesmo sem provas do ato. Aos
poucos, depois de ser execrado pelos amigos e ser absolvido perante o juiz,
Lucas perdoa os seus acusadores, mas aparentemente não recebe o perdão de todos
da comunidade e sabe que a partir de agora será sempre lembrado por esse
episódio.
Filmado com uma crueza impressionante, Vinterberg
nos questiona a cerca de alguns tabus a cerca da ingenuidade dos atos das crianças, e nos lembra do
quanto pode ser nocivo à histeria coletiva que faz imprensa e cidadãos
culparem pessoas sem terem um mínimo de prova para isso. No filme, Lucas foi
absolvido por um juiz. Se ele fosse a júri popular o resultado seria o mesmo?