sexta-feira, 21 de junho de 2013

O fracasso de uma geração está nas ruas

Há uns bons vinte anos a minha geração, e a próxima, conhecida como Y, faz piadas de si mesma. Sem representatividade na esfera pública, por opção, já que se tornaram um conglomerado de pessoas individualistas, adoram se auto referenciar por meio de costumes apropriados de outros. Seja por meio da publicidade (VEM PRA RUA), ou cinema/tv (V de Vingança), para ficar apenas com os exemplos vistos pelos meios de comunicação.
Eles querem ser ouvidos, mas não tem o que falar. Ficaram seis anos calados envelhecendo fotos no instagram, postando frases fofas nas redes sociais praticando o exercício mais comum de todo hypster, a ironia. E agora querem reclamar dos investimentos para a Copa do Mundo em detrimento de outros serviços públicos?

O Brasil está cheio, e Curitiba ainda mais, de sujeitos como esses. Com suas esquisitices visuais eles procuram evidenciar sua individualidade por meio dos acessórios, não por conceitos. É preciso propor algo, não apenas reclamar. Mas para isso é preciso esforço intelectual, saber jogar o jogo. O da vida, não o do vídeo game.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Ronaldo decreta a morte do jornalismo esportivo da rede globo

A contratação do grande, mesmo, jogador de futebol Ronaldo para comentarista de futebol na rede globo, é sintomático ao revelar o quanto que os interesses se sobressaem a credibilidade da transmissão. Agora agente e promotor de eventos, o mínimo que se poderia esperar de tal desportista seria a negação do convite para participar das transmissões, porque no objeto de análise do Ronaldo, jogos da seleção brasileira, alguns jogadores são gerenciados por ele. Por exemplo, Neymar, a maior estrela do escrete.
O ufanismo que somos obrigados a suportar de Tino Marcos, com aquele bom mocismo, desprovido de informações relevantes sobre o assunto que cobre. E o tom paternalista da voz de Galvão Bueno, já uma caricatura de si mesmo, revela o quanto de nocivo, na vitória ou na derrota, teremos que aguentar.
A pequena abertura para a real informação vem mesmo dos canais ESPN. No singular, porque a Sportv é um arremedo de Globo, e a FOX já engatinha para o lado torto da força.
Nenhum crítico, comentarista ou analista, domina mais o seu objeto de estudo que Paulo Vinícius Coelho (PVC). Ele parece conhecer tudo sobre futebol, pelo menos no campo da razão. Destrincha esquemas táticos, posicionamento de jogadores como se fosse um enxadrista. E é aí a única falha do comentarista. Ele esquece que o futebol nem sempre tem lógica. Um esporte onde o caos impera, nem sempre há explicação para tudo.
É nesse momento que paramos para ler Tostão. Não se engane. Ele tem uma legibilidade do futebol também magnífica. Embora saiba, ele mais que ninguém, pois atuou na melhor seleção de todos os tempos como centroavante, diferentemente de como jogava no Cruzeiro, que nem sempre os números explicam o "onze de cá, onze de lá. E o bate-bola do meu coração".
Se isso fosse possível o comentarista perfeito seria uma dose da informação do PVC, a poesia de Tostão e a pornografia de Nelson Rodrigues. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Resenha do curta Menino do Cinco


Premiado em seis categorias no 40º Festival de Gramado, incluindo melhor filme, melhor roteiro, e melhor ator, dividido entre Thomas Vinícius de Oliveira e Emanuel de Sena, o curta metragem "Menino do Cinco", retoma a já quase esquecida temática da luta de classes no país.
Gravado na Bahia, vizinha do recifense Kleber Mendonça, diretor do prestigiado “O som ao redor”, parece fazer parte de uma nova abordagem de cinema em que a classe média tem papel central na temática dos filmes.
O menino do cinco, asmático e solitário, encontra um cachorro perdido no gramado do prédio e decide adotá-lo, sem saber que o animal pertence ao garoto que mora na praça perto da sua casa. Recriando um clima de tensão sobre os dois, uma vez que o menino da praça quer o seu cachorro de volta, o ápice da história se dá quando o menino da praça invade o apartamento para recuperar o cachorro. Em um impulso, com o objetivo da negação da derrota, o menino do cinco, acostumado a ter tudo para si, sabe que irá perder, mas também não deixará o outro ganhar.
Sem panfleto, com a câmera passeando com liberdade no interior e no exterior do prédio, os diretores Marcelo Matos de Oliveira e Wallace Nogueira, aborda o distanciamento das relações afetivas entre pai e filho, entre filho e cidade e entre espaços que não se completam. O que soa como uma crítica à sociedade moderna.   

P.S: Texto para a oficina de crítica cinematográfica.